A proposta desse encontro, é diferente dos anteriores,
pois foi movida a um espaço de defesa de iniciação científica, do Paulo Lopes,
membro do grupo GEPEF e do PIBIC FEFISO, orientado pelo Rubens Gurgel. A banca
foi composta por três professore-pesquisadores da área, contamos com a presença
de Rodrigo Paiva, docente da FEFISO, Tiago Fernandes, docente da EEF USP e
Gilson Rodrigues, doutorando pela FEF UNICAMP. De antemão, deixo o convite para
terem acesso ao texto no link acima, e, também na defesa, que está publicada no
YouTube. Por essa via, apontarei os comentários e questões centrais.
Tiago inicia perguntando o porquê Paulo se interessou
em estudar esses dois temas. Paulo responde que: para mim é um encontro novo,
pesquisar esses temas é uma novidade e, vejo a dificuldade de investigar a
aprendizagem motora, pois não se limita a ampulheta de Gallahue e Ozmun. Ainda
com Paulo, diz que, o movimento de fazer pesquisa são sensações de amor e ódio,
pois, muitas vezes se deparava com o que havia escrito e não concordava. Mas,
como ele mesmo aponta e Tiago reforça, esse é o sentido da escrita, se
encontrar e se desencontrar com os problemas, afinal, se não houvesse isso, não
seria importante fazer essas investigações, apenas escrever.
Dando continuidade, Tiago aponta que na iniciação do
Paulo, ele tenta fazer uma aproximação da ciência com a filosofia, e, Tiago
pensa em um certo modo de ciência única, sem ser categorizada e dimensionada.
Paulo responde, que, para ele pensar em uma ciência única é difícil e pode
limitar as coisas, também, pois não dá para unir coisas que são diferentes.
Tiago diz: quando eu digo uma ciência universal, são é para invalidade as
ciências mães, a proposta é uni-las para pensar um melhor, fazendo uma analogia
com sua área de atuação, “as vezes estou preocupado com o que acontece com o
coração e me despreocupo com o que acontece no cérebro e no fígado, e no fundo
a gente sabe que o sistema é único e trabalha em homeostase”. Rodrigo Paiva
comenta, a partir disso, que é antes de haver as ciências e suas
diferenciações, existia o conhecimento, que ruma junto com esse pensamento.
Ainda com Tiago, ele aponta que as pesquisas mais
recentes de Go Tani e Edison de Jesus Manuel (pesquisadores da USP, os maiores
expoentes nacionais dessa área de estudos) pensam o indivíduo como um sistema
aberto. Com isso, ele pergunta para Paulo, o que pensa disso. Paulo responde
que para ele é uma novidade, pois essas pesquisas são recentes, mas, se eles
estão pensando isso, uma maneira de contemplar a diferença, ele pode pensar
junto. Estando atento as pesquisas científicas contemporâneas, Tiago pergunta:
você pensa que a ciência segue os mesmos métodos estruturalistas como de
antigamente?
Tiago encerra perguntando, se fosse da vontade do
Paulo em fazer mestrado, quais seriam os próximos passos, o que pretende fazer
com a pesquisa que construiu até o momento, lançando a pensar os próximos
passos. Paulo responde que, pretende seguir pesquisando e aprofundando estudos
nesses temas, não sabe como ou onde, porém tem muita vontade de seguir.
O professor Rodrigo Paiva inicia sua fala, primeiramente
agradecendo pelo convite, e se propõe a lançar alguns problemas e provocações.
Começa pela seguinte: ciente que seu trabalho é direcionado a pensar em
aproximações entre a aprendizagem motora, seria interessante você apontar
alguns caminhos. Em seguida, Paiva aponta que, em certos momentos, Paulo coloca
muitas vezes a ciência e a rigidez do método a partir de Descartes do século
XV, e a maneira de fazer ciência no século XXI mudou bastante. Outro ponto que
foi bastante pertinente, foi o uso demasiado de autores, não que isso seja
ruim, mas, precisa estar mais fluido no texto, de forma que, quem nunca teve
contato com eles, possa entender.
Relacionando com a aprendizagem motora, Paiva
problematiza que, talvez na vontade de olhar para a aprendizagem motora a
partir da filosofia, pode ter ocorrido uma cegueira epistemológica, e que, como
são duas ciências diferentes, trabalham com terminologias e conceitos
diferentes. Paiva, comentando sobre a intuição, ele pensa que, quanto mais
autônomo o sujeito for, maior será a sua capacidade de intuição, pois quando
está aprendendo a tarefa o sujeito tem tanta demanda de atenção e acaba se
perdendo, a ponto de não ter intuições. Complementa, quanto mais técnico e
autônomo o sujeito for, no sentido de diminuir demanda de atenção, projetar e
processar as demandas de atenção, mais a chance que tem de ser criativo. Em
outras palavras, não é negar a técnica, nem a repetição, afinal, é um modo de
organizar no caos, mas, criar com a partir deles.
Ainda com o Rodrigo Paiva, ele encerra agradecendo
pelo convite e chama atenção, no seguinte aspecto, a pesquisa do Paulo traz uma
teoria da aprendizagem motora da década de 80, com a filosofia da diferença do
século XXI, para bater nela, sendo que, muitas coisas se atualizaram. Paulo
agradece pelos comentários, críticas e leitura atenta, e tais problemas serão
levados em consideração.
Após isso, Rubens destaca um ponto importante na
pesquisa do Paulo, a diferença entre criatividade e inventividade. A
criatividade se dá de ideia de criar uma solução em um problema já dado, por
exemplo, no futebol, é marcar um gol. Sendo que a inventividade, não tem um
planto a priori. Com isso, Paiva pensa em uma aproximação, a partir da
reprodução, rumando a criatividade e se enveredando a inventividade.
Gilson inicia sua fala parabenizando a pesquisa
realizada pelo Paulo, pois é uma investigação que foge do comum, e deve ter
muita coragem para tentar relacionar área bastantes distintas, outro aspecto
potente é que ele se coloca no texto, na sua escrita autentica. Gilson chama
atenção no uso excessivo de siglas, diz que é algo pequeno, porém importante, o
mesmo ressalva que, uma página no início pode resolver. A partir disso, Gilson
expõe que o que ele irá comentar e sugerir são coisas para frente, ou seja, o
que fazer com o texto.
Assim, Gilson sugere para criar mais diálogos, se der
para fazer artigo, ou capítulo de livro, comunicar nas redes sociais,
podcast... para não se isolar, no intento de conversar mais com as pessoas.
Entrando no texto, Gilson faz uma analogia de um garoto que rodeia e espia o
circo, mas não entra nele, não se apropria, para dizer que o Paulo faz esse
movimento com Deleuze, rodeia, mas não entra, e quando vai fazer as relações,
realiza a partir de Bergson, o que é diferente. E os próximos passos, seriam mergulhar
mesmo nos autores, se apropriar bem dos conceitos.
As relações do método, Gilson destaque que faz através
de Ribeiro (2016), e para ele falta uma descrição de como fez e por que fez, há
uma lacuna na definição dos critérios, e nas análises. Em relação as
aproximações e distanciamentos, Gilson aponta que, mesmo autores falando de
coisas semelhantes eles olham para elas de uma maneira diferente, assim,
precisa-se de mais atenção e cuidado em aproximas Deleuze e Go Tani, entre
outros autores. Tendo em vista que Paulo entra na aprendizagem a partir do
afeto, e esse é uma das fragilidades da aprendizagem motora, Gilson indica o
Grupo do Afeto, na UNICAMP, coordenado pelo professor Sergio Leite.
Gilson afirma que as críticas que Paulo faz a ciência
é importante, mas também é preciso apresentar as potencialidades dela. Gilson
faz uma pergunta provocativa para Paulo: como a filosofia da diferença me ajuda
a agir melhor em minhas aulas de Educação Física? Para encerrar, Gilson
parabeniza, pois, o trabalho é bastante rico em ideias, e lança duas perguntas:
como essa pesquisa te afetou? E por fim, o que você pretende fazer com sua
pesquisa?
Respondendo a tais provocações, Paulo inicia falando do atravessamento
de Bergson em sua pesquisa, ele expõe que foi justamente com esse filósofo que
ele conseguiu fazer relações efetivas com a aprendizagem motora e filosofia da
diferença, pois, é um pensador que pensa a dualidade para além dela e leva o
tempo em consideração, a duração, a intuição. Pensando isso para o futuro, seria
a proposta de responder as perguntas, apontamentos e fragilidades levantadas.
Rubens finaliza realizando uma fechamento e agradecendo a participação da
banca.