quarta-feira, 7 de abril de 2021

FIM DO BLOG

 Este blog surgiu como uma experiência de registro das nossas atividades no Grupo de Pesquisas em Pedagogia da Educação Física da FEFISO-Sorocaba.

Ao longo desses anos, novas tecnologias e redes foram surgindo. A utilização dos blogs arrefeceram ou quase morreram, de modo que migramos para o YouTube.

Ficará por aqui, no entanto, o percurso traçado desde o início.

Um abraços a todos, continuemos por outros meios.

Prof. Rubens

Entrevista com o professor Mário Nunes – 27/03/2021

 




O encontro de hoje, foi baseado em um modo de entrevistas, com referencias da Educação Física, para tanto, como convidado teremos a participação do professor Mário Nunes. Para iniciar, Rubens propôs o Mário se apresentar e falar um pouco de sua trajetória relacionada com a cultura corporal. Mário, então, inicia destacando a presença do João, um aluno da sua primeira turma no Ensino Superior, que se destaca por, em meio sua formação, tendo as aulas com Mário, conversava muito com seu amigo no estágio sobre a proposta de uma perspectiva cultural da Educação Física. Uma coisa muito específica que Mário destaca em sua trajetória é o acaso. Pois, foi morar em Santos aos cinco anos, e lá, ambiente de praia, ele e seus amigos, uma das práticas comuns na beira da praia era o futebol. E em sua adolescência foi jogar na base do Santos, tinha um contato muito forte com o futebol e sempre ia aos jogos da Portuguesa.

Em meio a isso, urge uma pergunta sobre como foi a formação do Mário, como estava a Educação Física predominante naquela época? Mário aponta que, naquele momento específico, a Educação Física que predominava era a proposta Esportivista, logo, para ingressar na faculdade era necessário fazer prova de avaliação física, e no discorrer o que era requerido era o saber fazer as práticas corporais. Outro ponto interessante que Mário destaca é que, o Marcos Neira estudou na mesma faculdade que ele, e ainda foi bicho dele, mas nunca tiveram um contato por lá.

Em meio a isso, perguntamos – como foi seu contato com a área pós formado? Mário diz que, começou a trabalhar como professor na escola que estudos e também a dar aulas em escolas públicas. Aos 23 anos assume como coordenador esportivo, e um tempo depois como coordenador num âmbito mais geral da escola. Todavia, sempre continuou dando aula em escolas públicas de São Paulo. Naquela época, estava muito forte na Educação as propostas de Piaget e a perspectiva psicomotora. Contudo, ao frequentar uma feira de livros, um professor amigo, indica para ele um livro, “A Educação Física cuida do corpo e... ‘mente’”, na qual o autor anuncia uma crise da Educação Física e a importância de tal crise. Com isso, surge as propostas renovadoras para a Educação Física. E após esses movimentos, Mário passa a ter um contato mais próximo e intenso da universidade. Lá se inscreve como aluno na USP, nas aulas com Katia Rubio, que passado um tempo, viria a ser sua orientadora de mestrado.

Em conjunto a isso, vale destacar que foi nas aulas com a professora Katia que Mário teve o contato com o referencial dos Estudos Culturais. E que, também, se inscreveu num curso, onde Marcos dava aula, e logo na primeira aula, Mário começa a questionar algumas coisas aceca de o curso estar pautado nas teorias psi e do multiculturalismo. No intervalo do curso, Marcos convida Mário para tomar um café e conversar mais sobre, e esse foi o primeiro contato dos criadores Marcos Neira e Mário Nunes da perspectiva cultural da Educação Física. Com isso, Marcos já era professor na USP, e cria em conjunto com Mário o grupo GPEF[1].

Para finalizar, Mário apresentou seu processo acadêmico, na pesquisa de doutorado, sobre o que estudou e como foi, assim como no pós-doutorado, o que vem estudando, o que pretende e como se deu seu ingresso como professor na FEF UNICAMP e a fundação do grupo Transgressores. Para encerrar, agradecemos a participação e colaboração do professor Mário Nunes.

Resumo: Mário estudou no ensino básico num país que enfrentava a ditadura militar, e a Educação Física estava bastante associada ao Esportivismo. Se formou em Educação Física na mesma perspectiva. No inicio dos anos 2000, criou em conjunto com o Marcos Neira uma perspectiva cultural / pós-crítica da Educação Física, em conjunto com o grupo GPEF, que um dos grandes diferenciais essa proposta é o vinculo dos professores e professoras do chão da escola para com as produções e teorias acadêmicas. E que nos dias de hoje, Mário é professor na FEF UNICAMP, na qual ministra aulas na graduação e pós-graduação, e orienta pesquisas de monografia, iniciação científica, mestrado e doutorado. Junto a isso, se dedica a estar sempre pesquisando/estudando/atualizando/repensando junto com os grupos a potente proposta cultural da Educação Física, pois, fazendo jus a seu referencial, é algo que está em constante movimento e transformação. Não é uma teoria fechada, estática que explica e dá respostas para tudo, mas que, se dedica a estar em constante metamorfose. Essas são algumas das contribuições do professor Mário Nunes para a Educação Física.



[1] Link de acesso as produções do grupo: < http://www.gpef.fe.usp.br/ >.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

26/09/2020 - Educação Física e Pós-Colonialismo – Flávio Nunes

 


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KjQi7XpEj24

Texto disponível em: http://www.gpef.fe.usp.br/teses/santos_junior_01.pdf

 

Seguindo o ciclo de palestras planejadas para o segundo semestre de 2020, contamos com a apresentação do Prof. Me. Flávio Nunes. Essa apresentação, se deu a partir de seu dissertação de mestrado, orientado por Marcos Neira, na FE USP, instituição e grupo de pesquisa que possuímos um vinculo bastante próximo. Dito isso, Flávio inicia sua apresentação, fazendo uma introdução do referencial teórico escolhido, que foram três: as epistemologias do sul com o autor Boaventura de Souza Santos; a teoria decolonial através de um contato próximo com o grupo modernidade/colonialidade; e o pós-colonialismo com através de Homi Bhaba.

Deste modo, a pesquisa se embaçou com propriedade nesses três campos apresentados acima, e uma coisa que se repete com frequência entre elas é a crítica a modernidade e ao pensamento colonizado. Tomaz Tadeu da Silva, um autor que Flávio utiliza para pensar o campo da Educação, entende que a proposta educacional está presa na modernidade. Com isso, torna-se difícil experimentar outros modos de pensar e sentir a educação, uma vez que a educação e o currículo são sempre arena de confronto pela validação de determinado saber.

Por essa via, explorando ainda sobre o pensamento moderno (racional), Flávio elenca que, para a modernidade o conhecimento está sempre no singular, ou seja, há somente um jeito de se fazer as coisas, e esse modo, é sempre por via da ciência, logo, desvalida os outros saberes. Para as epistemologias do sul, como Flávio bem aponta, a partir de Boaventura, o conhecimento/saber, está sempre no plural, pois acontece em contato com o outro, embargam em uma ordem de coexistência.

Rumando para a parte das análises da pesquisa, que foi realizada através do acompanhamento de aulas de Educação Física escolar na periferia de São Paulo em escolar públicas, e também por meio de algumas relatos de experiências, que em uma proposta da Educação Física, há diálogos com o referencial teórico apresentado acima. E que, a partir disso, pretende contribuir com esses estudos para pensar em outras ferramentas e possíveis reparos e manutenções para corroborar a essa proposta, no caso, a do currículo cultural da Educação Física. O que se destacou em sua análise foi que, nas práticas e nos relatos de experiência, os professores e os alunos/as estavam como coautores, isto é, estavam juntos no processo.

Caminhando para o final da apresentação, Flávio destaca três mais relevantes de onde sua pesquisa chegou, sendo eles: descolonização do currículo cultural; ampliação da rede dos campos de inspiração; contribuição a um princípio ético-político. O primeiro ponto, de acordo com Flávio, chama atenção em relação que o currículo cultural estava em certo ponto bastante colonizado, e que através e durante esse pesquisa, possa ter promovido pequenas descolonizações. O segundo ponto citado, é bastante importante, pois Flávio traz mais um referencial teórico para pensar esse currículo da Educação Física, assim há uma ampliação dos campos de inspiração. E o terceiro, em relação a um dos princípio ético-político, o de “reconhecer o patrimônio cultural corporal da comunidade” (NEIRA, 2018, p. 43). Flávio aponta que não basta reconhecer o patrimônio/práticas cultural, mas que, é preciso favorecer a enunciação desses saberes. Para encerrar, Flávio criou um conceito para entender a educação a partir da modernidade, para o autor, essa educação é um processo de pedagogicício.

Feita a apresentação, foi aberto para que encaminhassem perguntas, dúvidas, críticas, alguma parte para explorar mais etc. Assim Rubens inicia perguntando: você poderia falar mais explorar mais a relação dos estudos culturais, multiculturalismo crítico, e os estudos pós-coloniais, pois me parece que sua pesquisa é inédita. Flavio responde: existe o diálogo com os estudos culturais e o multiculturalismo, mas menção direta ao pós-colonialismo eu não encontrei nenhuma pesquisa com a educação física escolar.

Em sequência, Rubens pergunta: quais são as características que afastam o decolonialismo do pós-colonialismo. Flávio responde: há uma crítica do grupo modernidade e colonialidade aos estudos pós-colonias, pela utilização de autores europeus, como Foucault e Derrida. Todavia, Boaventura diz que, isso é um modo essencialista de pensar a Europa, pois dá a entender de que não há resistência lá.

Prosseguindo, Barbara pergunta: como você vê o lugar de fala a partir dessa teoria? Flavio responde: muito bacana a ideia e pertinente, pensando na atuação do professor a partir dessa ideia, e pensando com o currículo cultural, entendo que o professor é a pessoa que cria situações para que os representantes da prática possam falar, como exemplo determinada prática corporal ou qualquer outro tema. Elder e Kaique apontam como isso é interessante, pois, caso contrário há um certo distanciamento de qual pessoa pode falar de determinado assunto.

Após isso, Elder pergunta: das teorias apresentadas na sua pesquisa, você vê diálogos com algum outro currículo da educação física, além do currículo cultural? Flávio responde que: o currículo cultural prioriza isso por excelência e não foi o foco da pesquisa, mas uma perspectiva que prioriza o desenvolvimento de habilidades ou saúde, está longe de estabelecer diálogos. Com isso, terminamos mais um encontro agradecendo a participação do professor Flávio Nunes, lembrando que, devido a pandemia esse encontro ocorreu de maneira remota.





 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

21-08-2020 - Educação Física infantil e Políticas Públicas - Maísa Ferreira



Demos início a primeira reunião do segundo semestre de 2020, que foi realizada de maneira virtual e transmitido ao vivo pelo YouTube. Tivemos como convidada para a presente reunião, Maísa Ferreira, que é mestra em Educação Física pela UNICAMP, e acabou de defender sua dissertação. Maísa começa fazendo um introdução acerca de um conceito do título de sua pesquisa, in(fala)ntes, que em linhas gerais, podemos entender como o individuo que não tem a possibilidade de falar por si próprio.
Ao discorrer da apresentação, Maísa relato de que maneira ela se encontrou com seu problema de pesquisa. Uma vez que, ela estava como uma professora recém formada dando aula em uma escola privada em Campinas, na qual não havia um PPP da escola e nem algum documento na qual os professores e professores embasavam suas práticas, Maísa viu um espaço para investigar sobre as Diretrizes Curriculares de Campinas da Educação Infantil.
Para isso, Maísa se embasou em um certo referencial teórico, denominado de “pós-crítico”, ou filosofia da diferença, fazendo relações mais próximas de Michel Foucault, Stuart Hall e Stephen Ball. Durante esse percurso, uma fala que era bastante pertinente na escola onde Maísa atua, e no seu ambiente familiar, era que: as crianças hoje em dia não têm mais infância, não sabem brincar. Bom mesmo era na minha época, todo mundo brincando na rua. A isso, Maísa chama atenção a ideia do que é ser criança, uma vez que não existe uma infância melhor ou pior que outras, mas, são tempos diferentes e logo infâncias, pois são múltiplas. O contato que uma criança que vive na capital, é completamente diferente de uma que vive no interior, mas fugindo também dessa binarismo. Há sempre diferentes tipos de infâncias.
Rumando para o final da apresentação, Maísa aponta aonde sua pesquisa chegou, e dentre os ponto citados, destacamos aqui: a Educação Física repensar o lugar da educação infantil, uma vez que não é muito trabalhado e a importância da Educação Física na formação inicial em Pedagogia para a atuação na educação infantil com seu viés crítico, tendo possibilidades para tornar os in(fala)ntes, falantes.
Após a apresentação, foi aberto espaço para dúvidas, perguntas, melhores explicações, etc. Dito isso, Vitor pede para Maísa falar um pouco mais sobre a brincadeira enquanto objeto, tema ou método. Com isso, Maísa da um passo atrás e diz que, antes ela achava muito lindo as crianças brincando, todavia, após entender que essas brincadeiras carregam consigo certos discursos e interesses, há de se pensar o por que dessa brincadeira e não outra, e isso entra a questão curricular, pois a brincadeira é entendida de maneira diferente pelo currículo psicomotor, desenvolvimentista e cultural (entre outros). Ao discorrer, Nathalia perguntou se foi abordado as datas comemorativas na pesquisa, Maísa responde: nas diretrizes estava escrito em um parágrafo que as datas comemorativas não serão somente datas passageiras, mas sim tematizadas e investigadas o caráter histórico, todavia, foi citada somente uma vez.
Prosseguindo, Jéssica levanta uma questão: você acha que hoje a criança vira adolescente mais rápido? Maísa responde que é uma questão mais voltada a psicologia, e hoje é outra infância, outra adolescência e a questão é o que isso implica. Na mesma toada, Vitor, aponta que quando trabalhava na creche, sempre acontecia muito namoro na creche, e sempre é romantizado, mas sempre rolou. Por essa via, Maísa elenca que é preciso desnaturalizar certas práticas da educação infantil, por exemplo: menino não pode ficar de mão dada com outro menino; a menina de mão dada com a amiguinha é legal e fofa; há sempre beijos, eles se beijam com muita frequência, e questões como essas estão naturalizadas.
Leonardo pergunta: se você entende as crianças como falantes, por que você usa o “in”? Maísa: eu coloco o “in” por conta de infância, e também, porque tem o sentido de negação, de as crianças não se manifestarem do jeito que quiserem. João Pedro, comenta: eu gostei muito dessa ideia da palavra in(fala)ntes, pois desestabiliza esse logos da gramática; na minha pesquisa de mestrado, eu investiguei sobre a formação continuada, e notei que os egressos se formavam, mas já tinham a ideia de que precisavam se especializar, você sabe se Ball trabalha com isso?  Maísa responde: penso que sim, pois ele trabalha bastante com a performatividade e o neoliberalismo para pensar as questões que permeiam os estudos curriculares.
Caminhando para o fim da reunião, Rubens coloca: a partir do seu texto e os exemplos que você usa, me pareceu muito mais um lógica da sexualidade e do gênero do que uma lógica neoliberal. Maísa responde: meus exemplos estão ligados à minha visão, e me considero feminista, então essas questões acabam se evidenciando. Natalia encerra com a seguinte pergunta: você acha que faltou algo na sua pesquisa? Maísa: eu penso que sim, ainda mais por estar na reta final, em plena pandemia, porém, algo que pretendo seguir pesquisando é o corpo nesse processo, afinal, que corpo é esse? Assim, encerramos mais uma reunião, lembrando que foi gravada e está o YouTube, no link acima, e o documentário citado por Vitor.





segunda-feira, 29 de junho de 2020

20/06/2020 - Uma análise da mulher no esporte na perspectiva dos Estudos Culturais – Defesa de Iniciação Científica – Andressa Furquim




Iniciamos a reunião do grupo de estudos GEPEF FEFISO, sábado, dia 20 de junho, às 9:00, para a defesa de iniciação científica de Andressa Furquim, com a banca composta por: Maísa Ferreira da FEF UNICAMP e Nara Montenegro da FEF UNICAMP. Como o encontro foi gravado e está no YouTube, destacaremos aqui, alguns pontos mais pertinentes da defesa. Começamos com a Andressa fazendo uma breve apresentação de sua pesquisa, ela apresentou a aliança com o referencial teórico que fez, com os Estudos Culturais, para investigar sobre a mulher no esporte. O grande potencial dessa área de estudos, é que o foco é voltado para a cultura, por essa via, como Andressa coloca junto o circuito da cultura, compreender a cultura e como ela é regulada foi uma possibilidade para investigar a mulher no esporte.
A pesquisa teve o foco de ver sobre a representação na mulher na copa do mundo de 2019, no programa de televisão da Rede Globo, o Esporte Espetacular, e a partir deles, foi direcionado aos comentários acerca da temática. Em meio a essa investigação, Andressa notou como a mulher é sempre excluída e deixada em segundo plano, uma vez que, os parâmetros da mulher no futebol são sempre exemplos comparados com homens. Essa é uma maneira de regular e representar certos discursos que reverberam diretamente nos corpos, pois, se crescemos escutando e vendo certos modos de como as coisas funcionam, isso vai se ganhando performatividade e se tornando habitual, logo não questionamos. Para concluir, Andressa elenca algumas formas de resistência, uma delas a partir da representatividade, e menciona o a sensação que teve ao ver em um domingo de manhã no jogo de futebol, uma mulher com seu nome.
Feito a apresentação, entremos nos comentários e parecer da banca. Nara dá início e parabenizar a Andressa e Rubens por essa fase, e os agradece pelo convite. Dando sequência, Nara enaltece o trabalho, pois, Andressa se coloca no local de escrita e de vida, e que partiu de uma experiência, uma virtude. Contudo, a mesma nota problemas no título, a palavra “esporte” contempla significados bastantes amplo e vários esporte e acontecem de formas diferentes, sendo que Andressa analisou somente o futebol, teria de ficar mais específico com seu objeto.
Outro ponto que Nara destaca, ainda na introdução, é o erro de uma palavra, mas que muda o sentido da pesquisa, pois o objetivo da pesquisa não foi analisar as mídias digitais e seus comentários, como Andressa expos na introdução, mas foi seu recorte analítico. Na mesma toada, é importante, já no início do trabalho apontar de qual copa do mundo a análise foi feita. Ao decorrer do texto Nara faz um comentário pontual, quando Andressa utiliza o termo “população feminina”, Nara ressalta para evitar isso, pois o feminino diz questão a fêmea, fêmea remete a uma essência biológica, e não é por essa via que o texto sucede.
Em uma parte específica do texto, é feito uma afirmação e generalização dos ataques que as mulheres sofrem, e está junto a mulher musculosa com a mulher no futebol, Nara pensa que as mulheres não passam pelas mesmas coisas, e que o corpo musculoso, sarado é tido como o ideal para a mulher. Por último, pensando na transformação para artigo, seria interessante dar mais atenção as curtidas e se atentar as mídias, de como elas funcionam. Em sequência, Andressa agradeceu a leitura atenta, ao tempo investido por estar ali e esses comentários serão todos trabalhados e pensados para as modificações posteriores.
Após isso, Maísa, dando continuidade, agradece a oportunidade, e seus comentários seguirão por três vias: estrutural, conteúdo e sugestões. Maísa tem bastante proximidade com o referencial dos Estudos Culturais, e, elenca que seria interessante colocar no correr do trabalho e título o uso de mulher no plural, ou seja, mulheres, pois são sempre lutas e motivos diferentes de uma coletividade. Como dica estrutural, e tendo em vista que Andressa está fazendo uma iniciação científica, aprendendo a fazer pesquisa e na formação inicial, Maísa destaca que, nas palavras-chaves é importante colocar Educação Física, por conta de futuras pesquisas de artigos, assim já é mais direcionado a isso. Outro ponto pertinente, é que, na escrita acadêmica é importante evitar parágrafos de duas linhas, o ideal seria uni-las, e colocar um só, até porque, tem parágrafos soltos, mas de um mesmo assunto, ou complementação.
A partir disso, Maísa pensa que na iniciação científica, seria interessante colocar o que apareceu de primeira na busca da pesquisa. Já no jargão do feminismo, Maísa bem aponta que é preciso saber que existe vários feminismos, e um não nega o outro, mas são propostas diferentes. Defender a igualdade dentro do feminismo como Andressa coloca na pesquisa, está bastante associada a uma lógica de mulher enquanto segundo plano, reforçando a identidade brasileira, homem, branco, heterossexual e cristão.
Maísa chama atenção sobre o uso do termo “futebol feminino” que, novamente reverbera esse discurso nacionalista que coloca a mulher como segundo plano. Assim, ela dentro de uma perspectiva de estudos, sugere o uso de futebol de mulheres. Maísa reafirma a parabeniza a coragem de estudos isso, e diz que, estudar isso é ir contra a onda, nadar contramaré, e precisando de qualquer coisa ela está à disposição. Para finalizar, Maísa encerra com uma pergunta: o que você falaria para a Andressa de quando queria começar o futebol? (Sobre o acontecimento que relatou em sua pesquisa).
Andressa agradece a análise feita, e bem pontua que, foi gasto bastante tempo para entender o funcionamento dos Estudos Culturais, e em uma das etapas da iniciação, ele trancou, o texto ficou parado. Ainda coloca que, quando foi ler estudos sobre o feminismo, ela se sentia sozinha, pois com os Estudos Culturais tínhamos reuniões semanais para discutir sobre. Respondendo à questão, Andressa diz que pensaria o que ela pode fazer hoje, nas suas relações com as pessoas e seus familiares e futuramente como professora, com isso cita um exemplo de sua prima de 10 anos que queria jogar bola, mas a família não deixava, pois ela é menina. Mas, que ela dentro dessa relação, pode ajudar sua prima, uma vez que já passou por algo parecido, assim, está mais sensível a essas questões.



18/06/2020 - Defesa de Iniciação Científica da Gabriela Andreotti - Aprendizagem inventiva: Ensino de Ballet Clássico

Demos início a defesa de iniciação científica, da Gabriela Andreotti, membra do grupo de Estudos GEPEF FEFISO, quinta-feira, dia 18 de junho, às 14:00, com a apresentação remota, via Skype. A banca foi composta por: Adriane Gehres da Universidade de Pernambuco e Íris Santoro da FEFISO. Assim, começamos com uma exposição da Gabriela acerca de sua pesquisa, e ela inicia falando de sua breve trajetória com o contato com o Ballet clássico e a imersão nos estudos de Filosofia da Diferença, cursando Educação Física. Gabriela aponta que utilizou esses estudos como uma ferramenta para aprimorar e lhe ajudar a pensar a sua prática no ballet, mas que, consequentemente dobra em sua vida. Ela percebeu que nessa perspectiva, de aprendizagem inventiva, o foco passa a ser na aprendizagem e não somente no ensinar (papel do professor/a), e que uma das características que ela vê nisso é a experimentação, mas, como estar aberto à experimentação, uma vez que os movimentos no ballet já estão moldados e bem definidos e há uma cobrança excessiva na técnica?
Essa cobrança de um movimento já estruturado e esperado nas provas e sistemas avaliativos, Gabriela relata que teve bastante dificuldades, e, ainda mais, esse modo como o único mata as singularidades e acaba moldando os alunos e alunas e também as professoras e professores. Ciente de tais problemas, Andreotti faz alianças com o método de cartografia para fazer pesquisa o seu cotidiano, a sua prática diária, e com isso, elenca uma diferença da concepção dos membros avaliativos no ballet, entre a técnica e criação, ou, como ela escreve em seu trabalho, cognição e criação. Por fim, sugere e pretende dar aulas com o foco nas individualidades de seus alunos e alunas, mesmo dentro de métodos rígidos, elenca que uma via possível é criar pequenas rachaduras, como vem experimentando em suas aulas, um ensino que priorize as potencialidades do que o corpo pode, e não apenas dizer o que ele deve.
Após a apresentação, Adriana inicia sua fala a respeito ao trabalho, ela começa parabenizando a Gabriela e Rubens (orientador) pelo trabalho e o convite para participar da banca. Em sua fala ela buscaria elencar algumas perguntas à Gabriela, pois os comentários e sugestões ela deixou no texto e se comprometeu em mandar a eles. Assim, Adriana, diz que é muito interessante, pois ao decorrer do texto é levantado várias perguntas, e diz que a potência do processo é criar questões e perguntar e não necessariamente dar uma resposta final a elas, como Gabriela bem elenca em seu trabalho. Pensar as questões enquanto gasolina que que propicia o movimento.
Ainda com as perguntas que Gabriela levando em sua pesquisa, Adriana questiona: que outras perguntas podemos fazer? O que podemos perguntar ao ballet? Gabriela responde que, em sua pesquisa, em vários momentos ela teve que fechar e focar em seu objeto, se não a pesquisa não termina. A partir disso, Adriana faz uma conexão com a apresentação, da cognição e criação, ela elenca que, algo relacionado com isso, circula na dança com outros conceitos de técnica e expressão, e a pesquisa da Gabriela contempla isso, pois ela se coloca a discutir sobre isso e também é uma discussão pertinente na dança.
Adriana chama atenção e uma parte do texto que fala sobre a liberdade e experimentação para além da técnica, que diz o seguinte: para minha surpresa, elas foram bem nas avaliações finais. Gabriela responde: o maior desafio era para mim enquanto professora, pois elas já estavam acostumadas com as técnicas. Mas nas apresentações pude perceber que elas estavam mais felizes e mais soltas. A isso, Adriana coloca: a dança por si só é expressão e não somente o sorriso. Como última questão, Adriana pergunta: a criação não pode ser treinável? Gabriela responde: penso que fugiria da proposta de aprendizagem inventiva, assim voltaria a representação, a imagens, mas, em minha prática trabalho certos momentos mais com um e em outros momentos, com uma predominância no outro.
Na sequência, Íris Santoro assume a fala, e inicia parabenizando, pois ela afirma que vê a Gabriela na pesquisa, imersa nesse turbilhão de coisas, e aos poucos vai tirando essa “capa de professor”. Íris pede para que Gabriela fale um pouco sobre o que ela encontrou na literatura, quais foram os choques e dificuldades, com esses encontros e desencontros de em um momento Gabriela-aluna na FEFISO, e em outros Gabriela-professora de ballet e como isso resultou em suas aulas? Gabriela responde: sempre foi um choque e se via numa dança muito fechada, com técnicas, modos predeterminados, estruturados e universais, mas com a filosofia da diferença, uma vez que elas não negam as técnicas, a imagem, um modo de se fazer, mas que preferência outros caminhos, o do devir, do processo, da criação, me senti aos poucos mais à vontade.
Enveredando dentro de uma proposta de uma pedagogia da diferença, Íris pergunta: se nessa perspectiva há uma valorização ao processo, por que muitas vezes você estava presa na avaliação? Gabriela elenca: onde eu trabalho a avaliação é cobrado dentro do projeto e no planejamento e logo pega bastante para mim, outro ponto é que as alunas e seus pais têm essa vontade, de passar de nível, de saber a técnicas. Como última pergunta, Íris coloca: o que você espera desse estudo? Da sua pesquisa? Gabriela: não espero chegar em algo pronto, único, fechado, e sim formas de trabalhar diferentes, nem que seja só para mim, nas minhas aulas, com as minhas alunas, vejo como o suficiente para mim.
Com isso, terminamos mais uma defesa de iniciação científica, com as palavras finais de Gabriela e Rubens, seu orientador e coordenador do grupo. Rubens ressalta que é muito rico e importante ver a banca fazendo perguntas à Gabriela e ele respondendo, se forçando a pensar, e os comentários, perguntas e críticas serão todos revisitados e trabalhados, pois o grupo pretende fazer um compilado de iniciação científica e publicar em forma de livro.






sábado, 30 de maio de 2020

30/05/2020 - Defesa de Iniciação Científica: Paulo Lopes - Aprendizagem Motora pela Filosofia da Diferença




A proposta desse encontro, é diferente dos anteriores, pois foi movida a um espaço de defesa de iniciação científica, do Paulo Lopes, membro do grupo GEPEF e do PIBIC FEFISO, orientado pelo Rubens Gurgel. A banca foi composta por três professore-pesquisadores da área, contamos com a presença de Rodrigo Paiva, docente da FEFISO, Tiago Fernandes, docente da EEF USP e Gilson Rodrigues, doutorando pela FEF UNICAMP. De antemão, deixo o convite para terem acesso ao texto no link acima, e, também na defesa, que está publicada no YouTube. Por essa via, apontarei os comentários e questões centrais.
Tiago inicia perguntando o porquê Paulo se interessou em estudar esses dois temas. Paulo responde que: para mim é um encontro novo, pesquisar esses temas é uma novidade e, vejo a dificuldade de investigar a aprendizagem motora, pois não se limita a ampulheta de Gallahue e Ozmun. Ainda com Paulo, diz que, o movimento de fazer pesquisa são sensações de amor e ódio, pois, muitas vezes se deparava com o que havia escrito e não concordava. Mas, como ele mesmo aponta e Tiago reforça, esse é o sentido da escrita, se encontrar e se desencontrar com os problemas, afinal, se não houvesse isso, não seria importante fazer essas investigações, apenas escrever.
Dando continuidade, Tiago aponta que na iniciação do Paulo, ele tenta fazer uma aproximação da ciência com a filosofia, e, Tiago pensa em um certo modo de ciência única, sem ser categorizada e dimensionada. Paulo responde, que, para ele pensar em uma ciência única é difícil e pode limitar as coisas, também, pois não dá para unir coisas que são diferentes. Tiago diz: quando eu digo uma ciência universal, são é para invalidade as ciências mães, a proposta é uni-las para pensar um melhor, fazendo uma analogia com sua área de atuação, “as vezes estou preocupado com o que acontece com o coração e me despreocupo com o que acontece no cérebro e no fígado, e no fundo a gente sabe que o sistema é único e trabalha em homeostase”. Rodrigo Paiva comenta, a partir disso, que é antes de haver as ciências e suas diferenciações, existia o conhecimento, que ruma junto com esse pensamento.
Ainda com Tiago, ele aponta que as pesquisas mais recentes de Go Tani e Edison de Jesus Manuel (pesquisadores da USP, os maiores expoentes nacionais dessa área de estudos) pensam o indivíduo como um sistema aberto. Com isso, ele pergunta para Paulo, o que pensa disso. Paulo responde que para ele é uma novidade, pois essas pesquisas são recentes, mas, se eles estão pensando isso, uma maneira de contemplar a diferença, ele pode pensar junto. Estando atento as pesquisas científicas contemporâneas, Tiago pergunta: você pensa que a ciência segue os mesmos métodos estruturalistas como de antigamente?
Tiago encerra perguntando, se fosse da vontade do Paulo em fazer mestrado, quais seriam os próximos passos, o que pretende fazer com a pesquisa que construiu até o momento, lançando a pensar os próximos passos. Paulo responde que, pretende seguir pesquisando e aprofundando estudos nesses temas, não sabe como ou onde, porém tem muita vontade de seguir.
O professor Rodrigo Paiva inicia sua fala, primeiramente agradecendo pelo convite, e se propõe a lançar alguns problemas e provocações. Começa pela seguinte: ciente que seu trabalho é direcionado a pensar em aproximações entre a aprendizagem motora, seria interessante você apontar alguns caminhos. Em seguida, Paiva aponta que, em certos momentos, Paulo coloca muitas vezes a ciência e a rigidez do método a partir de Descartes do século XV, e a maneira de fazer ciência no século XXI mudou bastante. Outro ponto que foi bastante pertinente, foi o uso demasiado de autores, não que isso seja ruim, mas, precisa estar mais fluido no texto, de forma que, quem nunca teve contato com eles, possa entender.
Relacionando com a aprendizagem motora, Paiva problematiza que, talvez na vontade de olhar para a aprendizagem motora a partir da filosofia, pode ter ocorrido uma cegueira epistemológica, e que, como são duas ciências diferentes, trabalham com terminologias e conceitos diferentes. Paiva, comentando sobre a intuição, ele pensa que, quanto mais autônomo o sujeito for, maior será a sua capacidade de intuição, pois quando está aprendendo a tarefa o sujeito tem tanta demanda de atenção e acaba se perdendo, a ponto de não ter intuições. Complementa, quanto mais técnico e autônomo o sujeito for, no sentido de diminuir demanda de atenção, projetar e processar as demandas de atenção, mais a chance que tem de ser criativo. Em outras palavras, não é negar a técnica, nem a repetição, afinal, é um modo de organizar no caos, mas, criar com a partir deles.
Ainda com o Rodrigo Paiva, ele encerra agradecendo pelo convite e chama atenção, no seguinte aspecto, a pesquisa do Paulo traz uma teoria da aprendizagem motora da década de 80, com a filosofia da diferença do século XXI, para bater nela, sendo que, muitas coisas se atualizaram. Paulo agradece pelos comentários, críticas e leitura atenta, e tais problemas serão levados em consideração.
Após isso, Rubens destaca um ponto importante na pesquisa do Paulo, a diferença entre criatividade e inventividade. A criatividade se dá de ideia de criar uma solução em um problema já dado, por exemplo, no futebol, é marcar um gol. Sendo que a inventividade, não tem um planto a priori. Com isso, Paiva pensa em uma aproximação, a partir da reprodução, rumando a criatividade e se enveredando a inventividade.
Gilson inicia sua fala parabenizando a pesquisa realizada pelo Paulo, pois é uma investigação que foge do comum, e deve ter muita coragem para tentar relacionar área bastantes distintas, outro aspecto potente é que ele se coloca no texto, na sua escrita autentica. Gilson chama atenção no uso excessivo de siglas, diz que é algo pequeno, porém importante, o mesmo ressalva que, uma página no início pode resolver. A partir disso, Gilson expõe que o que ele irá comentar e sugerir são coisas para frente, ou seja, o que fazer com o texto.
Assim, Gilson sugere para criar mais diálogos, se der para fazer artigo, ou capítulo de livro, comunicar nas redes sociais, podcast... para não se isolar, no intento de conversar mais com as pessoas. Entrando no texto, Gilson faz uma analogia de um garoto que rodeia e espia o circo, mas não entra nele, não se apropria, para dizer que o Paulo faz esse movimento com Deleuze, rodeia, mas não entra, e quando vai fazer as relações, realiza a partir de Bergson, o que é diferente. E os próximos passos, seriam mergulhar mesmo nos autores, se apropriar bem dos conceitos.
As relações do método, Gilson destaque que faz através de Ribeiro (2016), e para ele falta uma descrição de como fez e por que fez, há uma lacuna na definição dos critérios, e nas análises. Em relação as aproximações e distanciamentos, Gilson aponta que, mesmo autores falando de coisas semelhantes eles olham para elas de uma maneira diferente, assim, precisa-se de mais atenção e cuidado em aproximas Deleuze e Go Tani, entre outros autores. Tendo em vista que Paulo entra na aprendizagem a partir do afeto, e esse é uma das fragilidades da aprendizagem motora, Gilson indica o Grupo do Afeto, na UNICAMP, coordenado pelo professor Sergio Leite.
Gilson afirma que as críticas que Paulo faz a ciência é importante, mas também é preciso apresentar as potencialidades dela. Gilson faz uma pergunta provocativa para Paulo: como a filosofia da diferença me ajuda a agir melhor em minhas aulas de Educação Física? Para encerrar, Gilson parabeniza, pois, o trabalho é bastante rico em ideias, e lança duas perguntas: como essa pesquisa te afetou? E por fim, o que você pretende fazer com sua pesquisa?
Respondendo a tais provocações, Paulo inicia falando do atravessamento de Bergson em sua pesquisa, ele expõe que foi justamente com esse filósofo que ele conseguiu fazer relações efetivas com a aprendizagem motora e filosofia da diferença, pois, é um pensador que pensa a dualidade para além dela e leva o tempo em consideração, a duração, a intuição. Pensando isso para o futuro, seria a proposta de responder as perguntas, apontamentos e fragilidades levantadas. Rubens finaliza realizando uma fechamento e agradecendo a participação da banca.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

4º Encontro – 25/04/2020 - Palestra com João Pedro - Formação Inicial em Educação Física: uma perspectiva dos Estudos Culturais


Texto: Significações acerca do currículo formador – egressos (as) do curso de licenciatura em Educação Física.

Disponível em: 



Demos início a palestra virtual de João Pedro, membro fundador do grupo GEPEF-FEFISO, e como ele mesmo falou que, nunca havia produzido algo um pouco mais distante do grupo, mesmo que sempre estando junto, pois eram outros problemas. Ele realizou seu mestrado na PPGED[1] UFSCar Sorocaba em Educação, voltado em um viés crítico. A partir disso, João elenca que não é especialista na área de formação de professores, e propõe um diálogo, onde em qualquer momento qualquer pessoa pode comentar o que quiser.
João Pedro explica que existe duas grandes áreas da formação, sendo: formação inicial e formação continuada. A formação inicial é todo o percurso percorrido na graduação, e a formação continuada é tudo aquilo que se faz após formado (a), ou seja, pós-graduação, cursos, especializações entre outros. Após isso, João apontou quais autores (as) ela utilizou em sua pesquisa para compor o quadro teórico, sucedendo de autores pós-estruturalistas com uma concentração maior em Stuart Hall.
Movido a isso, ele nos contou sobre seu encontro com tema, encontro com seu problema, através de uma experiência que viveu no chão da escola, e passou por uma frustração, no sentimento de achar que não estava fazendo o melhor de si e ele mesmo não acreditava muito naquilo. Então, foi trabalhar em uma indústria, mas trabalhando como ajudante geral, não parava de pensar nas questões acerca da educação, educação física, escola, currículo... foi lá que pensou – será que só eu que passei por essa experiência? Essa frustação de que o currículo formador não deu conta de preparar ao chão da escola?
João tinha um sentimento, uma intuição de que havia mais pessoas passaram e passam por isso, a partir disso, veio a ideia de investigar as significações dos egressos do curso de licenciatura em Educação Física acerca do currículo formador.
Em sua metodologia, João se enveredou sobre uma análise documental e a partir disso planejou entrevistas semiestruturadas, com quatro egressos (as) de duas instituições diferentes. Foi baseada nos DCN’s (Diretrizes Curriculares Nacionais) enquanto análise documental, e a entrevista foi pensada em cinco eixos iniciais, sendo questões acerca da: formação; identidades; transições; posicionamentos; a pesquisa na formação. Lembrando que, a entrevista como semiestruturada está aberta para discutir outras questões imanentes no momento.
Caminhando para o fim da apresentação de sua pesquisa, João aponto as analises, uma vez que sua ideia era investigar os efeitos do currículo formador nos/as egressos/as. Este bloco tem o título de remontando-traduzindo (significações), assim, como os efeitos que João notou, ele destacou que: a licenciatura em segundo plano; os discentes têm que selecionar sobre o que se fala de educação; a formação inicial não será suficiente; currículo em movimento; defasagem de si; mérito individual (sucesso ou fracasso); uma ordem salvacionista; movimento sempre, o/a egresso/a não pode estacionar; distância da formação e prática atual.
João Pedro conclui com sua dissertação que, há lacunas no currículo da formação inicial (teoria e/ou prática escolar), notou uma passividade na maioria dos depoimentos, encontrou também muitas falas associadas à lógica de mercado contemporâneo e a tradicionalidade da formação. E na tentativa de pensar em algo no lugar, no sentido de propor algo, ele aposta em um trabalho cultural mais amplo e transitar nos mapas do sentido. Feito isso, João encerra com algumas perguntas convidando os participantes ao diálogo, uma conversa acerca do tema. Perguntas como: quem se formou viu isso? Quem está na formação como vê isso? O que acham dessas “significações”? O que acharam das proposições, poderíamos pensar em outras?
Rubens relembra da importância desse tema e o grupo é composto por pessoas que estão na graduação, recém-formados, pessoal da pós-graduação e alguns pesquisadores. Assim, Moska, cita que a Renata estava no encontro, e que seria interessante ela comentar o que achou, pois, ela também pesquisando sobre formação inicial em sua dissertação de mestrado. Renata diz que trabalha direto com a formação inicial, é coordenadora na rede de Votorantim, e comentou que sua pesquisa tem muitas relações com a do João, porém sua dificuldade é pensar a formação com um referencial pós-crítico.
Moska comenta que se tivesse tido contato com esse trabalho, talvez sua concepção de vida, pois abre muito espaço para questionar, pensar, criar, experimentar outras coisas. Marina, mestranda e pesquisadora do grupo transgressão na UNICAMP, fala que em sua pesquisa não se atentou muito com as questões de currículo formador, mas sim no currículo no ensino básico e aponta ser interessante pensar algo no lugar. Assim, Rubens e Moska comentaram sobre a possibilidade de experimentar outros espaços na formação inicial, sendo grupos de estudos, ensino voltado a pesquisa, cursos de extensão.
Elder aponta que seria interessante não pensar formação inicial e continuada como polos distintos, longes, mas que se atravessem, se cruzem mais vezes, uma formação hibrida. João comenta que existe um pesquisador que sugere isso, e que a ideia para seu doutorado em pensar algo nesse sentido. E encerramos com a questão do Paulo que, é necessário ter sensibilidade aos afetos e emoções, fundamental discutir as emoções, pois a parte mais racional aprendemos a lhe dar bem, uma vez que não temos isso na formação inicial.





[1] Programa de Pós Graduação em Educação – PPGED, disponível em: <http://www.ppged.ufscar.br/pt-br >.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

04/04/2020 - 3º Encontro do semestre (VIRTUAL): Jogo, Corpo e Representação - com Tadeu Rodrigues


Texto: Processos de mediação: da mídia primária à mídia terciária - José Eugenio Menezes

Inauguramos mais um encontro do Grupo GEPEF FEFISO, desta vez de maneira diferente, inédita. Pois, nunca antes havíamos feito uma discussão nesse grupo com todos os participantes conectados virtualmente. Por conta disso, deixo aqui, um pequeno recorte espacial e temporal de março de 2020, algo novo ocorre que para o mundo todo, assim fui agenciado a escrever sobre isso. Ou seja, uma dobra, as coisas que acontecem no mundo, resultam em nossas relações, nos modos de vida e de viver. Estamos passando por uma Pandemia, a COVID-19.
Dito isso, entramos na apresentação do palestrante. Tadeu é formado em comunicação pelo UNISO, mestre em comunicação e doutorando e em jogos digitais. Tadeu disse que este encontro era novo para ele, pois nunca havia falado para pessoas da Educação Física, uma vez que os temas: jogos digitais e corpo atravessam a Educação Física. A partir disso, ele comentou um pouco sobre a história da comunicação, sendo seu grande marco durando a 2ª Guerra Mundial pelo os alemães, com os rádios. Porém, como é o corpo nesse espaço virtual? O receptor é notável, mas se pensarmos em um abraço, torna-se impossível notar quem é o receptor.
Após 2ª Guerra Mundial, muitas coisas no mundo mudam, e os grandes influenciadores na comunicação na Europa era Gilles Deleuze (1925 – 1995) e Michel Foucault (1926 – 1984). Para Harry Pross (1923 – 2010) “a comunicação começa e termina no corpo”, visão bastante diferenciada e interessante para pensarmos acerca do corpo. Ao discorrer do tema, Tadeu nos disse sobre o conceito de iconofagia, que é a relação corpo imagem, imagem corpo, não existe um contato de corpo a corpo, sendo assim, um vazio de sentimento.
Tadeu Rodrigues faz uma diferenciação bastante interessante sobre o LARP (Live Action Role Play) ou, no Português - Ação viva de desempenho de papéis. Para os pesquisadores, LARP seria “um encontro entre pessoas que, através de seus papéis, relacionam-se umas com as outras em um mundo ficcional” (FATLAND; WINGARD). O que difere do RPG, e Tadeu aponta que a maior diferença deles seria que o LARP seria mais dramático e o RPG mais criativo.
Feito a introdução do tema, Tadeu abre para perguntas, dúvidas, problemas etc. Assim, Rubens coloca: é inevitável não trazer para as Fake News, pois o ambiente virtual permite a pessoa ter determinados comportamentos na rede social que é diferente estando pessoalmente. Tadeu responde, ele diz que pensa que sim, e nos traz um exemplo: o sangue tem cheiro, textura, estamos vendo e o que se passa na mídia acerca de violência é diferente de vivenciar isso pessoalmente.
Assim Vitor-Moska relaciona com o cinema, apontando os filmes da Marvel, em suas palavras: não existe mais vilão, nem união soviética. Surge então a guerra de herói contra herói. E outro modo de ser, seria romantizar o vilão, que afinal, vilão não é bem o vilão. Como vimos no filme do Coringa, muitas pessoas se identificam o vilão. Ainda com Vitor-Moska, ele lança um questionamento acerca da escola, como fica a escola a partir desse momento? Como vemos as práticas corporais? Será que não seria hora de retomar a ecologia da comunicação? Boas perguntas, fica o convite para pensarmos juntos.
Voltando a questão sobre LARP e RPG, como pedido por Júnior, uma outra explicação. E Tadeu diz que em ambos não têm roteiro pré-definido, se dá na relação, no ato, na experiência concreta, com isso vemos relações com as palestras anteriores, e dos temas o que grupo vem estudando, a aprendizagem a partir de Deleuze e Guattari.
Imerso na discussão, Rubens compartilha um exemplo da experiência banqueiros com a realidade da favela. Tadeu diz que: quando brincamos de cavaleiro medieval, não muda muito o que o pessoal do banco faz com a favela. Ou seja, cada um tem um lúdico diferente. Ainda com Rubens, ele pergunta se o RPG e LARP são utilizados como ferramenta de ensino, pois é algo bastante potente. Tadeu diz que sim e está sendo cada vez mais explorado. Aproveitando o gancho, Paulo pede para Tadeu comentar sobre como ele entende o lúdico, pois o conceito lúdico tem um valor caro para a Educação Física.
Tadeu Rodrigues comenta que, temos uma ideia de lúdico atrelado ao divertimento, a ideia de jogo em geral submetida a isso, em um divertimento padrão, mas o lúdico extrapola isso. Ele pensa o lúdico a partir de Huizinga, lúdico além do belo, do divertido, do engraçado, por isso, para os banqueiros, ter uma festa no cenário de favela, para eles era o lúdico deles, naquele momento.
Com as mudanças da sociedade e do mundo, Rubens bem nota e trazendo para um jargão nietzschiano, a ideia de que as produções artísticas dionisíacas e que nesse momento em que não se pode sair de casa, faz sentido a frase de Nietzsche: temos arte para não morrer de verdade. Pois somos muito dependentes das produções artísticas nessa quarentena para viver, seja através de músicas, filmes, séries, peças de teatro, artesanatos etc.
Caminhando para o fim do encontro, encerramos com a pergunta do João Pedro: como você vê no jogo a possibilidade da diferença? Nesse momento, Tadeu faz um mergulho em sua tese, e diz que a principal característica do jogo é que ele depende da incerteza. Se você já sabe e, se já possui uma imagem de pensamento pré-estabelecido, não é um bom jogo. Com isso ele deu um exemplo do jogo de futebol, um clássico paulistano e brasileiro, entre Corinthians e Palmeiras, assistir este jogo é estar aberto a lhe dar com a diferença. Existe um grau de incerteza, pois se já soubéssemos quem ganharia, perderia o encanto do jogo, o encontro com o imprevisível. A diferença.



sexta-feira, 20 de março de 2020

2º Encontro 1º semestre 2020 – 14.03.2020 – Palestra de Acácio Augusto – Educação Libertária





2º Encontro – 14.03.2020 – Palestra de Acácio Augusto – Educação Libertária

Iniciamos a palestra com o professor convidado Acácio Augusto, sendo esta conexão através do meio virtual, via Skype, meio este que estamos a cada vez mais se apropriando dele. Acácio inicia sua fala expondo alguns caminhos percorridos e quais pontos ele abordaria. Lembrando que para este encontro Acácio indicou a leitura do livro: Anarquismos e Educação, escrito por autoria de Edson Passetti e Acácio Augusto. A partir disso, entramos em um acordo, onde Acácio teria um tempo para fazer uma abordagem introdutória e após sua fala ou até mesmo durante nós estaríamos convidados para lançar perguntas, dúvidas, questionamentos, críticas etc.
Com isso, Acácio cita alguns autores dos quais descreve no livro, muito influenciado pela filosofia francesa contemporânea, com ênfase em Gilles Deleuze, Félix Guattari e principalmente em Michel Foucault. Em um dos temas tocados, Acácio nos fala sobre a escola, instituição moderna por excelência, dobrando em uma sociedade da obediência, que é movida através de castigo e recompensa.
Todavia, pensar a educação, logo a escola a partir da lógica do anarquismo, nos leva a percorrer outros caminhos, pois, é um modo de viver que recusa esse jogo dialético de obedecer e mandar. Porém, notamos que a partir o desse movimento estabelecido de castigo e recompensa, torna-se mais fácil governar condutas, pois é gerado certos traumas e receios, com pequenas atitudes diárias no cotidiano escolar, e também em outros espaços.
Ainda com Acácio, expondo ideias acerca da educação libertária, ele nos conta que foi criado um modelo de Educação Libertária que foi capturada pelo neoliberalismo, associada com o acúmulo de capital. Contudo, vemos que sempre toda ideia nova corre riscos, riscos de ser capturada e assim criarem modelos universais a partir disso. Acácio Augusto faz uma ressalva e diz que acredita em experiências de uma educação libertária, isto é, em certos momentos contextualizados há de ser promovido/propiciado espaços para uma experiência libertária, práticas libertárias. Movimentos menores, menor como resistência, como luta.
Com isso, Rubens aproveita a deixa e traz a discussão mais próximo do campo da Educação Física, expondo que na primeira palestra desse semestre tivemos a palestra com ele sobre como pensar uma educação física menor e que há muitas convergências com os estudos de anarquismos e educação. Acácio achou bastante potente essa ideia de Educação Física menor. Assim, o encontro foi aberto as perguntas. Junior pergunta o porquê do uso de anarquismos no plural. Acácio comenta que ele utiliza o conceito no plural justamente porque são um conjunto de práticas.
Luiz pede para Acácio explorar sobre a educação libertadora de Paulo Freire e a educação libertária a partir dos movimentos de anarquismos. Acácio pontua que algumas diferenças, com por exemplo a concepção de sujeito na educação libertadora de Freire, ele elenca que o sujeito pensado a partir de Paulo Freire está bastante ancorado na Razão kantiana. Também mostra alguns limites do sujeito autônomo. Todavia, faz uma ressalva, diz que são pensamentos diferentes e a ideia não é de destruir Freire, sim apontar limites e diferenças e coloca sua importância para o Brasil e mundo.
Elder pergunta como seria pensar o cotidiano escolar a partir do referencial elencado por Acácio Augusto. Acácio expõe que é uma questão bastante difícil, e que na escola isso se torna ainda mais complicado, pois a escola é a instituição moderna por excelência. Ele deu alguns exemplos de suas experiências como professor do ensino fundamental e médio e faz uma diferença bastante interessante de autoridade e autoritarismo. Dando como exemplo que o professor tem certa autoridade em determinados assuntos, porém ser autoritário seria uma conduta fascista.
Caminhando ao fim do encontro, Acácio nos diz a partir de suas experiências e experimentos a sensibilidade têm bastante diferencial, pois, com ela é possível pensar em práticas mais atrativas para seu contexto. Para finalizar, Acácio diz que a Educação pode escolher olhar pela potência e pela falta, porém é sempre repetido o mesmo sistema, adotado pela falta. Sendo esta falta como notas, comportamentos, negar a vida agora para viver uma vida desejável no futuro, está sempre faltando algo nos alunos e alunas. Então faz-se necessário resistir cotidianamente para uma educação não fascista, uma educação libertária.